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O georreferenciamento está mais presente na nossa vida do que podemos imaginar. Está nos aplicativos de entrega, no smartphone, que utiliza a nossa localização constantemente, está nos mapas dos lugares que visitamos ou pretendemos visitar etc. E afinal, considerando essa onipresença, qual seria a importância do georreferenciamento também nos Planos de Turismo?

Para falar sobre o tema, convidamos Miguel Vieira de Lima, geógrafo graduado e doutorado pela Universidade de São Paulo, com mestrado pela Universidade Estadual de São Paulo (UNESP) de Rio Claro. Tanto no mestrado quanto no doutorado, ele se dedicou à produção de mapas e à espacialização dos aspectos interessantes da pesquisa.

Há alguns anos, passou a atuar em parceria com a Turismo 360 Consultoria para a produção de mapas, contribuindo com a dimensão, visualização e compreensão de dados que auxiliam nos Planos de Turismo. Entre os projetos que colaborou estão o Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentável de Minas Gerais (PDITS), o Plano Municipal de Turismo de Ubatuba-SP e o Plano de Regionalização do Turismo do Estado de São Paulo

E é sobre isso que falamos hoje nessa entrevista.

Acompanhe com a gente a seguir!

Para você, qual é a importância do georreferenciamento?

Pela maneira que a nossa sociedade está estruturada hoje em dia, a dimensão do espaço geográfico, a produção espacial, é cada vez mais importante. Essa relação entre tempo e espaço é central para praticamente qualquer negócio. Aplicativos de entrega, de transporte, todos têm uma base de localização muito importante. É difícil hoje em dia você abrir um aplicativo que não vá pedir sua localização, calcular uma distância entre você em um determinado local de interesse que você queira.

Vivemos uma época de grande valorização da dimensão geográfica, do posicionamento e isso em quase todos os segmentos, na tomada de decisão para investimentos, para abertura de um determinado negócio, é muito importante você avaliar tanto a nível de concorrência quanto o nível do perfil do seu mercado consumidor, como isso distribui com questões relacionados à logística, a facilidade que você vai ter de acesso do insumo, a produção…

E não estou falando só de indústria, estou falando em qualquer segmento, inclusive das consultorias e das assessorias. Eu imagino que para alguém, em algum momento, essa dimensão geográfica passe num processo de decisão – abrir um escritório ou coisas tipo.

Há ainda a questão da espacialização dos processos, das dinâmicas e fenômenos, e que agregam muito na produção de conhecimento, na análise de dados socioeconômicos, demográficos, populacionais ou de atividades econômicas específicas, como por exemplo, a economia do turismo, do petróleo, da mineração; estudos de mercado e estudos estratégicos.

E pode compartilhar um pouco sobre como funciona o processo de georreferenciamento nos projetos de planejamento turístico aqui na Turismo 360?

De uma maneira geral, geralmente conversamos para entender um pouco do projeto, do objetivo que queremos chegar. Selecionamos algumas variáveis geográficas que são importantes para a produção do relatório do estudo. Então, fazemos uma espécie de um brainstorm, uma reunião para que essas questões possam aparecer para a equipe. 

Miguel Vieira de Lima, geógrafo graduado e doutorado pela Universidade de São Paulo.

É interessante porque vocês estão sempre dispostos a agregar conhecimento, agregar novas variáveis. Estão sempre abertos a ouvir qual a contribuição posso dar em sentido de agregar ao estudo.

Vou dar um exemplo: para elaboração de um diagnóstico de atividade turística, quais aspectos do meio natural podem ser úteis em questões de relevo durante acidentes geográficos que possam favorecer ou não determinado tipo de turismo?  Aí eu posso perguntar: vocês acham que o clima é importante? Isso é uma variável.

A questão dos acessos… É importante que você tenha mapeado a qualidade dos acessos rodoviários, a questão de área protegida, porque tem um segmento do turismo que está vinculado a paisagem naturais. 

Atrativos ligados ao ecoturismo, por exemplo, estão dentro de áreas protegidas. É uma variável importante. Então a gente primeiro faz essa discussão para ver quais são esses elementos do espaço geográfico que podem interessar e eu fico responsável por agregar essas informações no mapa, introduzir mapas com essas variáveis para que isso possa ser agregado nas análises.

Como foram alguns dos projetos nos quais já trabalhamos em parceria?

No trabalho do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) [Plano de Regionalização do Turismo do Estado de São Paulo], aqui em São Paulo, fizemos um trabalho para agregar o máximo de variáveis possíveis. Muitas vezes a gente sobrepõe algumas variáveis para agregar uma análise mais completa. 

Tem outra etapa do trabalho que é a etapa das estatísticas dos índices e análises que a equipe da Turismo 360 realiza e me encaminha para que eu espacialize isso no mapa.  Geralmente a dinâmica com a equipe, tem sido dessa forma: uma parte de mapas são variáveis que a gente define – eu sou o responsável por levantar as informações, organizar e colocar isso em mapas -; e a parte de ação básica de dados é o pessoal da Turismo 360 que desenvolve.

São usados critérios, métricas e a metodologia de análise que já têm e que giram em torno de uma área específica da análise de uma consultoria ligada ao turismo. E aí eu já recebo esses dados numa base e o meu papel é passar isso para mapas, uma cartografia para que possam apresentar isso nos relatórios.

Às vezes não é só um mapa, é o banco de dados que pode ser observado em outras plataformas – o que chamamos de sistema de informação geográfica do geoprocessamento, que combina mais ou menos essa estrutura quando pensamos no trabalho de cartografia. 

Nossa parceria até aqui já rendeu ótimos resultados para os projetos os quais atuamos! Reconhecemos a importância do georreferenciamento e esperamos continuar contando com a sua expertise, Miguel.