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Quem acompanha as notícias corporativas pode estar com a sensação que “de uma hora para outra” todas as organizações começaram a falar sobre ESG. Do inglês Environmental, Social and Governance – ESG corresponde aos aspectos Ambiental, Social e de Governança adotados por grandes instituições no mundo. Mais do que uma atualização do momento, como foi o termo “sustentabilidade” anos atrás, o compromisso com ESG parece exigir e cobrar ações reais, para além do que somente os olhos podem ver, e é uma importante métrica avaliada por investidores.

A letra mais “famosa” da sigla é o E, que contempla a preocupação com o meio ambiente. Em função do cenário atual, de efeitos violentos da degradação da natureza, sem dúvida a questão Ambiental tem conquistado um espaço maior nas discussões cotidianas. De acordo com dados de 2022 do estudo Green Gauge® Consumer, publicado pela Growth from Knowledge (GfK), até mesmo as vozes dos mais céticos (como por exemplo os negacionistas das mudanças climáticas) foram significativamente minimizadas. A Geração Z e os Millennials continuam a impulsionar a sustentabilidade e a redefinir o que significa ser um “ecologista.” 

“É importante ressaltar que a mudança climática é uma questão que continua a impactar mais pessoas a cada ano. Historicamente, as questões relacionadas ao clima têm revigorado entre adolescentes e adultos jovens. No entanto, em 2022, os maiores de 60 anos de idade tiveram o maior aumento na identificação da mudança climática como um problema sério (69%, um aumento de 6% desde 2021), demonstrando o ímpeto atrás da sustentabilidade”, diz o relatório.

Mas, hoje vou me ater a falar sobre o S da sigla, o aspecto Social. E, para começar, a lição 1 aprendida recentemente é de que a agenda social deve ser genuína ou do contrário ela não se sustenta. Esse foi um dos ensinamentos do workshop que tive oportunidade de participar como ouvinte sob o tema de “Direitos Humanos com foco em diversidade, equidade e inclusão”, promovido pelo Instituto Ethos. E separei a seguir outras quatro reflexões que achei interessante destacar para o tema:

1 – O “S” está no meio da sigla ESG porque ele é transversal  

É impossível pensar em Meio Ambiente sem considerar o impacto do ser humano no planeta e o que fazemos, ou deixamos de fazer, para a conservação da natureza. Mas, para além desse aspecto, o Social está presente no ESG porque sem a busca por igualdade de direitos, distribuição de renda e equidade de gênero, não há equilíbrio e sustentabilidade. A Governança, por sua vez, também é feita de pessoas para pessoas.

2 – Melhor começar com o básico para depois aumentar os desafios

Outro valioso ensinamento é que, independentemente do porte mas, principalmente para as pequenas empresas,  é aconselhável iniciar com ações básicas e mais realistas, com objetivos que possam ser verdadeiramente alcançados. Uma boa maneira de fazer isso é iniciar com uma carta de compromissos, neste caso, sociais. Isso significa estabelecer metas simples e, à medida que avançarem e estas forem sendo conquistadas, aí sim, aumentar os desafios.

3 – ESG é pra todos e todas, inclusive seus stakeholders

Todo negócio tem pessoas, outras empresas e instituições com algum tipo de interesse na gestão e nos resultados de um projeto ou da própria organização. Esses são os chamados stakeholders, que influenciam e são influenciados por esse negócio, direta ou indiretamente. Justamente por isso é fundamental que os stakeholders da empresa que adota ESG tenham os mesmos compromissos sociais. É importante que tais compromissos sejam comunicados logo no início do relacionamento e que seja feita uma avaliação periódica sobre o cumprimento.  

4 – Pessoas precisam vir antes do lucro, SEMPRE

De nada adianta “levantar a bandeira” ESG se na prática o discurso não se concretiza. Especialmente falando do aspecto social, embora nenhum deles possa ser tratado separadamente, como vimos, é interessante refletir: há de fato inclusão no meu negócio? Eu respeito e, acima de tudo, prático a diversidade quando recruto profissionais? A quem a minha empresa beneficia? O que eu posso fazer de melhor para o mundo e para as pessoas? Quando eu penso em sucesso, elas estão acima do meu lucro?

Como diz o material apresentado no encontro virtual, as empresas saem da perspectiva de filantropia quando assumem genuinamente a promoção e a garantia dos direitos humanos, promovendo uma sociedade mais justa, respeitosa, inclusiva e sustentável. Para inspirar, indico o e-Book 35 dicas de planos de ação para Diversidade e Inclusão publicado pela Pulses e a Nohs Somos. A dimensão Diversidade diz respeito ao quadro de pessoas, em diferentes cargos, na liderança e no reconhecimento de mercado. A Inclusão, por sua vez, aos fatores de respeito, oportunidades, liderança inclusiva, ambiente seguro e pertencimento.

Falando especificamente da Turismo 360, fazer parte da rede do Ethos, por exemplo, foi uma das metas iniciais definidas durante o planejamento do negócio, justamente para estarmos mais próximos ao tema e conseguirmos estabelecer novos objetivos que contemplem esses aspectos. Entendemos que o nosso compromisso para um turismo mais inclusivo e transformador se torna mais coeso com a adoção de práticas concretas de ESG. Por isso, devemos, pouco a pouco, compartilhar mais ações e conteúdos aqui no site e nas mídias sociais. 

Por Graziele Vilela