Observatórios de Turismo podem ser definidos como instâncias de pesquisa que tem como dupla missão monitorar o desempenho do setor e, mediante os dados coletados, gerar inteligência para a tomada de decisões. São aliados imprescindíveis para os gestores de destinos e de empresas turísticas, apesar de seu uso não ser totalmente transmitido.
Os dados podem vir de diferentes fontes, como os tradicionais Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Por estarem estruturados e serem mais acessíveis, esses dados devem estar presentes em todas as análises sobre o turismo.
Também integram essas fontes de informação diversos órgãos governamentais como o Ministério do Turismo (MTur), secretarias estaduais e municipais de turismo, o portal de dados abertos do governo federal e alguns sistemas, também vinculados às administrações públicas; São alguns deles o Sistema de Escrituração Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas (eSocial/Novo CAGED) e Cadastro de Prestadores de Serviços Turísticos (Cadastur), por exemplo.
Há ainda a possibilidade, da coleta de dados primários, por meio de pesquisas presenciais ou online. Como por exemplo, a pesquisa da demanda turística, que busca captar informações sobre o comportamento, o perfil e as preferências dos viajantes.
Ampliar o olhar para entender a dinâmica do turismo nos territórios
Por muitos anos, a base da maioria dos Observatórios de Turismo no Brasil foi de dados secundários das fontes oficiais e primários das pesquisas com os turistas. Porém, esse cenário vem se modificando aos poucos, e para compreender a dinâmica do turismo nos territórios, é preciso ampliar o olhar e se apropriar de dados vindos de fontes menos oficiais.
Para citar dois importantes exemplos, temos a telefonia móvel e os rastros na internet, que todo usuário deixa ao fazer uma busca, acessar um site ou interagir nas redes sociais.
Como o mundo online pode auxiliar os Observatórios de Turismo
Os rastros na internet podem ser mais complexos de serem trabalhados, já que nem todos estão armazenados em bancos estruturados ou em plataformas de insights. Uma solução seria automatizar buscas por meio do uso de robôs que realizem varreduras em perfis em redes sociais e buscadores de viagens (TripAdvisor, Decolar, Booking).
Outra poderosa fonte online ainda pouco explorada pelos Observatórios de Turismo é o Google Trends, que apresenta os termos mais populares buscados no Google, sendo possível selecionar uma janela de tempo e um território para análise. Em uma breve pesquisa, comparamos as buscas pelos termos “Ubatuba” e “Ilhabela”, dois importantes destinos turísticos do estado de São Paulo. Selecionamos a categoria “hobbies e lazer” e consideramos as buscas realizadas em todo o mundo durante o ano de 2022.
A ferramenta permite ainda que o usuário exporte os dados no formato .csv. Isso gera a possibilidade de inseri-los em outras análises, como por exemplo, o número de visitantes registrados nos dois destinos, com o intuito de verificar se o interesse no mundo online se concretizou em viagens.
“O ato de digitar uma palavra ou frase em uma pequena caixa branca retangular deixa um pequeno rastro de verdade que, quando multiplicado por milhões, eventualmente revela profundas realidades. […] O poder dos dados do Google está no fato de as pessoas “contarem” ao gigantesco mecanismo de busca o que não diriam a mais ninguém”, comenta Stephens-Davidowtiz, autor do livro Todo Mundo Mente – o que a internet e os dados dizem sobre quem realmente somos.
Com a incorporação cada vez mais orgânica destas fontes online de dados, descortina-se um novo mundo para os Observatórios de Turismo. O papel da Turismo 360 é manter o olhar atento a todas essas pequenas revoluções e trazer parcerias para melhorar nosso trabalho como consultoria turística.
Por Graziele Vilela