O turismo é feito por e para pessoas. Então seria impossível desvincular o aspecto social do turismo. Mas construir um turismo responsável e sustentável, tendo a comunidade e os atores locais de um território como protagonistas é um processo de construção coletiva, e que demanda estratégias que promovam o diálogo e busquem, de fato, fazer a diferença na vida das pessoas.
No último mês eu participei de uma oficina promovida pelo Instituto Ethos abrangendo a dimensão social do ESG – sustentabilidade ambiental, social e de governança corporativa (Environmental, Social and Governance). Inclusive Graziele Vilela, a Grazi, coordenadora de projetos da nossa equipe, compartilhou suas percepções em outro desses encontros. Desta vez, a discussão foi voltada para o tópico de Direitos Humanos com foco no desenvolvimento territorial e impacto social, usando como fio condutor a abordagem dos Indicadores Ethos ASG.
E qual foi a minha percepção? A maior parte das empresas trabalha o impacto social e a dimensão humana muito mais como um meio para chegar aos objetivos. É o caso de empresas industriais, mais comerciais etc. Já com a Turismo 360 Consultoria, e o próprio turismo em si, essa lógica é inversa: a dimensão humana é central para o nosso negócio. O turismo basicamente só existe com o movimento de pessoas, então só existe porque tem o desenvolvimento humano no centro.
Indicadores sociais
Temos isso claro de tal maneira que os indicadores previstos nos planos de desenvolvimento turístico que elaboramos costumam se relacionar com os turistas: gasto médio, tempo de permanência, quantidade e a própria satisfação desses turistas com o destino.
O comportamento dos turistas está diretamente relacionado à economia do turismo, tendo impacto direto no número de empresas, seu faturamento e sua capacidade de gerar tributos.
Por outro lado, o desenvolvimento sustentável do turismo, pensado a longo prazo, exige um olhar mais atento à essa dimensão social. A percepção dos turistas é apenas uma das múltiplas interfaces que compõem o destino, uma vez que sua experiência está diretamente relacionada à forma como a comunidade local os recebe.
Ao nosso ver, o turismo tem de colocar a comunidade no centro. Logo, faz sentido que os planos contenham indicadores relacionados à percepção dos cidadãos e sua participação na atividade: nível de satisfação da comunidade com o turismo, número de pessoas que se sentem impactadas pelo turismo e quais os principais benefícios e prejuízos do turismo no cotidiano dos moradores. E temos começado a estruturar e amadurecer esse aspecto durante a elaboração do Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentável de Minas Gerais (PDITS).
A Turismo 360 Consultoria é a parceira técnica da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (SECULT) neste projeto e a metodologia para essa construção participativa envolve uma das nossas especialidades: um processo intenso de escuta com a comunidade, com os gestores públicos e empresas, além do envolvimento de outros setores ligados ao turismo mineiro.
Esperamos em breve compartilhar mais sobre essa metodologia e contribuir com outras iniciativas, especialmente considerando formas de mensurar o impacto social positivo do turismo.
Que o turismo seja palco
Se o cidadão percebe que o turismo traz mais recursos para a região, traz mais senso de pertencimento àquela comunidade, traz proteção do meio ambiente, zela pela cultura, protege pessoas, temos um projeto com êxito. E abrangemos aí, também, todos os aspectos da sigla ESG – não só o social.
Com o olhar para essas ações, zelando por esses indicadores, esperamos que o turismo seja o grande palco para poder promover a real valorização das pessoas, sendo elas turistas, mas também os cidadãos das comunidades receptoras.
Por Mauro Coutinho
Foto: Rafael Vianna Croffi/Unsplash