Em um mundo onde a competição no setor do turismo é feroz e as expectativas dos viajantes estão sempre evoluindo, a habilidade de um destino turístico em se destacar tornou-se mais crucial do que nunca. Nesse contexto, o poder do audiovisual emergiu como uma ferramenta indispensável para promover e atrair visitantes. Dos exuberantes cenários naturais às ricas heranças culturais, fotos e vídeos oferecem uma janela irresistível para os encantos de um destino.
E para falar sobre isso, convidamos hoje Theo Grahl, formado em Publicidade e Propaganda pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), videomaker e gestor de projetos no Coletivo Mombak, para conversar sobre a importância estratégica de investir em conteúdo audiovisual para destinos turísticos. Examinamos como essa forma de comunicação pode não apenas cativar audiências, mas também impulsionar o turismo, gerar engajamento e moldar percepções duradouras.
Acompanhe a entrevista a seguir!
Turismo 360: Como o audiovisual influencia a decisão das pessoas na escolha de um destino turístico?
Theo Grahl: Eu, desde a época da faculdade, já ouvia dizer que o audiovisual era a ferramenta mais potente para persuadir pessoas, a mais potente da comunicação. Eu acho que o audiovisual, ele quase te coloca dentro da experiência presencial, é o que chega mais perto, se você for pensar na facilidade de acesso…
Você está com o celular e quer ir para um local… Faz uma pesquisa rápida e hoje acha fotos e vídeos e, às vezes, até relatos. Então, eu acho que o audiovisual é isso, ele é a ferramenta que consegue falar com você. As próprias imagens do local, elas já são bem persuasivas para você entender se quer ou não ir para aquele destino.
T360: Pode nos dar exemplos de como vídeos e fotos podem aumentar o interesse por um lugar?
TG: Você cria essas peculiaridades dentro da imagem. Por exemplo, com vídeo, saber usar uma câmera parada e saber usar uma câmera em movimento.
Com uma câmera parada, você se coloca no lugar do observador. Por exemplo, um fim de tarde num lugar incrível. Você vai estar parado, você vai sentar numa cadeirinha, você vai estar com os amigos ou, enfim, com uma parceira/parceiro, você vai ficar contemplando aquilo. Então, você está com uma câmera parada. O que é possível fazer também é um timelapse, que cria uma nova experiência. Então, usamos essa ferramenta a nosso favor.
E com o movimento, por exemplo, imagine uma praia que para acessar tenha um caminho que é coberto por árvores e plantas que criam um tipo um túnel… Então, você faz um movimento: pega a câmera e vai andando até revelar aquela praia paradisíaca, maravilhosa, com areia clarinha, o mar azul esverdeado. Então você vai criando essa expectativa do que vai vir a seguir. De repente tem uma cachoeira, tem um cânion, tem um rio maravilhoso! É isso.
Eu acho que são exemplos de como que a gente pode usar essas ferramentas, de fotografia e vídeo para criar algo além daquilo que a pessoa vai ver. A gente pode criar uma expectativa, criar um lugar mágico. Você vai mexendo com esse sentimento que todos nós temos, de querer encontrar algo maravilhoso.
T360: Quais são os desafios de criar conteúdo audiovisual que representa fielmente um destino?
TG: Uma questão minha, pessoal, é de a gente ter que desempenhar muito bem em prazos curtos. Pra gente se manter no mercado, a gente tem que fazer tudo muito bem feito e muito rápido.
Eu não sou um especialista em turismo, por exemplo, por mais que eu trabalhe com documentários e conteúdos voltados para a arte popular, artesanato de tradição. Eu viajo muito pelo Brasil e acabo tendo esse olhar pro turismo também, porque eu estou sempre olhando para os territórios, e a gente começa a entender que está tudo interligado ali: a arte, a gastronomia, o turismo.
Pensar em conteúdos audiovisuais para o turismo, para um destino, exige esse tempo, esse processo de conhecer o local. Para mim, envolve o tempo da gente ouvir, sentir e deixar as coisas acontecerem. Geralmente, você precisa passar um tempo para ouvir o lugar, para vivenciar aquilo, para ouvir aquelas conversas de longe, entender porque o pessoal fala assim, porque o pessoal pensa de determinado jeito.
T360: Em quais projetos e como você contribuiu com a Turismo 360?
TG: O Coletivo Mombak é parceiro da Turismo 360. Então, eu trabalhei diretamente em dois projetos, que foi uma oficina de fotografia e vídeo, que fizemos para o destino de Três Marias, e outra sobre comunicação estratégica, com a Camila Fróis e a Mariana Maria. A gente acabou fazendo um banco de imagens lá do local e a minha presença serviu para a gente fazer uma gravação e entregar um vídeo case do projeto.
O outro trabalho foi agora em Monte Verde, com o projeto de posicionamento digital, também em Minas Gerais onde foi trabalhada a identidade visual relacionada ao tom de voz e o entendimento de como deve ser a comunicação para Monte Verde – e eu trabalhei diretamente na produção do banco de imagens e do vídeo case para eles.
T360: Uma reflexão mais contemporânea considera o chamado “turismo de streaming”. Na sua opinião qual é o papel dos filmes, séries e documentários na promoção do turismo?
TG: Eu fiz um curso no Canadá, em Toronto, dentro da Toronto Film School, e foi lá que eu entendi como, principalmente o cinema, se tornou um dos maiores, a principal ferramenta de tendências, de ditar tendências. Eu lembro que, na época, estava sendo lançado o filme Blade Runner 2049, e eles estavam dizendo que ele ia ditar as tendências tanto de moda, de estética, de design, para os próximos anos. E aí, quando eu ouvi aquilo, eu fiquei super atento para ver se isso aconteceu – e realmente aconteceu.
Você tem aquele programa “De Férias Com o Ex” onde levam as pessoas em lugares paradisíacos que todo mundo vai querer ir nesse lugar, ou pra farra ou não, mas que vai atiçar as pessoas, vai. Tem aqueles programas do canal Home & Health que te levam para os hotéis mais luxuosos, por mais que você não tenha dinheiro, ou você possa ter, você vai querer conhecer. Então, o conteúdo virou a própria propaganda, vamos dizer assim.
Os pequenos conteúdos também são muito importantes porque trabalham de uma forma mais afetuosa. Eles têm mais escuta e, por isso, entregam algo muito mais próximo de um perfil. Esses pequenos conteúdos, por exemplo, o vídeo que a gente fez sobre Monte Verde, é muito sobre este olhar…
Theo finaliza dizendo que “investir em audiovisual para um destino turístico não é apenas importante, mas essencial para promover e destacar suas características únicas e atrativas, aumentando assim sua visibilidade e apelo para os turistas”. Aqui na Turismo 360 Consultoria não só concordamos como agradecemos a sua parceria e entrevista esclarecedora!