Skip to main content

Cooperação vem do latim “cooperatio”, que significa trabalhar junto com outros para um objetivo comum. O mundo dos esportes, da vida estudantil e, acima de tudo, do funcionamento da natureza está cheio de exemplos de cooperação, onde a complementaridade entre os “diferentes” justifica a ação conjunta em prol de resultados comuns e ampliados. Quando cooperamos, somos como peças de um quebra-cabeça, encaixando nossas habilidades únicas para criar algo incrível que nenhum de nós poderia fazer sozinho.

E no mundo corporativo, não teria porque ser diferente. Acredito na máxima que “não se vai muito longe caminhando sozinho”. Cada empresa tem um viés próprio de olhar o mundo e entender do negócio. Ao se juntarem, ampliam as possibilidades de entendimento da realidade (do mercado) e potencializam a criatividade na busca de soluções.

A cooperação empresarial já é exercida pelas grandes empresas há muitos anos e de forma bastante profissionalizada. Esta prática precisa ser mais estimulada e incorporada à prática dos pequenos e médios negócios, em especial aos voltados à atividade turística, que, por um lado, demanda um conjunto de ações integradas e sistêmicas. Por outro lado, tem o grupo de empreendedores com limitações de recursos financeiros, tecnológicos e informacionais que podem encontrar na cooperação uma alternativa de complementaridade e ampliação da capacidade de atendimento e desenvolvimento.

Existem várias iniciativas de associar produção local (artesanato e alimentos da agricultura familiar, em especial) a empreendimentos hoteleiros, restaurantes e bares, por exemplo. Estes expõem os produtos com identidade local, beneficiando os produtores que não têm acesso fácil a compradores de maior poder aquisitivo e agregando valor aos serviços destes empreendimentos hoteleiros, restaurantes e bares.

Pequenas empresas podem se beneficiar da cooperação com negócios maiores com ampliação do acesso a clientes diferenciados, aprendizado em relação à gestão empresarial, dinâmica de mercado, exigência do consumidor etc. A grande se beneficia ao agregar valor ao seu negócio associando sua imagem de compromisso com o local, por exemplo.

Desafios e benefícios da cooperação

Os modelos mentais são como lentes pelas quais enxergamos o mundo. Eles moldam nossas ações e reações diante das situações que enfrentamos. Atualmente, um dos maiores obstáculos para o progresso coletivo é justamente a predominância de um modelo mental individualista. Esse pensamento incentiva as pessoas a manterem suas ideias em segredo, na esperança de obter sucesso sozinhas. No entanto, essa abordagem pode ser bastante limitadora.

A cooperação é possível até entre “concorrentes” na medida em que as duas partes percebam que haverá interesses atendidos. Ou seja, eu serei capaz de abrir mão de atuar sozinho para atuar em conjunto, por perceber que terei mais resultados. É o atendimento de necessidades e interesse que moverá as partes para esta operação conjunta (co-operar).

Quando falamos de inovação e empreendedorismo, a colaboração surge como uma ferramenta poderosa. Ao compartilhar conhecimentos e unir forças, indivíduos e empresas podem alcançar resultados muito mais significativos do que se estivessem trabalhando isoladamente. A cooperação permite a troca de experiências, o que potencializa a criatividade e acelera o desenvolvimento de novas soluções.

Além da barreira dos modelos mentais, existem também desafios práticos que precisam ser superados, como as questões legais e burocráticas. Para que a cooperação seja efetiva e traga benefícios mútuos, é essencial formalizar os acordos. Isso não só garante que todos os envolvidos estejam protegidos legalmente, mas também reforça a cultura do “ganha-ganha”. Quando há clareza nas regras e confiança entre as partes, a parceria tende a ser mais duradoura e produtiva.

Para além do discurso da cooperação

Portanto, para fomentar um ambiente onde a inovação e o empreendedorismo floresçam através da cooperação, é necessário quebrar as barreiras do individualismo e fortalecer as estruturas legais que suportam acordos colaborativos. Assim, será possível construir uma sociedade mais integrada e com maior capacidade de gerar valor para todos.

Trago aqui um exemplo pessoal concreto, demonstrando que mais do que estimular a cooperação a diversos clientes, comunidades e empreendedores como estratégia de negócio e de desenvolvimento territorial, a prática das diversas ações conjuntas entre a GP Master e a Turismo 360 Consultoria é aderente ao nosso discurso – fazemos o que pregamos! 


Por aqui, temos uma parceria pautada em dois pilares centrais: confiança no caráter das pessoas e na competência técnica da equipe. Uma parceria não se consolida se não for a partir da identidade de valores entre as pessoas. Mas numa parceria empresarial, isso só não é suficiente, é preciso também confiança na capacidade profissional de ambas as partes.

Por isso, para mim, “confiança” e “profissionalismo” são as palavras-chave da cooperação.



Por Ricardo Cerqueira, consultor, mentor e coach para alta performance de pessoas, processos e projetos. Acumula mais de 35 anos de experiência profissional em potencializar mudanças positivas em pessoas, processos e projetos, atuando em diversos contextos, incluindo organismos de cooperação internacional, iniciativa privada, setor público e organizações não-governamentais.